Diario de Pernambuco, Doenças, Escravidão, Saúde.
Esta pesquisa buscou compreender as condições físicas e de saúde dos escravizados em Pernambuco no século XIX, especificamente no ano 1831, com a aprovação da primeira lei que estabeleceu a liberdade aos escravizados africanos que chegassem aos portos do Brasil a partir desse ano. A metodologia adotada baseou-se na revisão bibliográfica sobre o campo da História da Saúde e das Doenças; elaboração de uma ficha de análise com categorias de informações a serem repertoriadas; coleta de danos nos anúncios da seção "Escravos fugidos" do Diário de Pernambuco acessados na Hemeroteca Digital da Fundação Biblioteca Nacional; e cruzamento de informações com a bibliografia consultada. As informações dos anúncios foram classificadas segundo características físicas e patológicas, seguindo a metodologia proposta por Márcia Amantino (2007), que organiza as doenças dos escravizados descritos em categorias a partir de características como marcas físicas e patológicas que apresentavam. Os resultados da coleta de dados, organizados em tabelas, mostraram que as doenças mais comuns entre os escravizados incluíam infecções – parasitárias, virais, fúngicas e bacterianas –, condições psicológicas, problemas carenciais e traumas em decorrência das precárias condições de trabalho e vida. Os anúncios evidenciaram a vulnerabilidade vividas pelos escravizados e os processos de resistências frente ao sistema escravista vigente no período imperial. A pesquisa ainda apontou para as tentativas dos proprietários em recuperar os escravizados fugidos, por constituírem a força de trabalho que movimentava a produção agrária brasileira, refletindo as dinâmicas do sistema escravista. A investigação contribui para o entendimento histórico das práticas de saúde e das doenças, demonstrando a importância das fontes periódicas para a compreensão da realidade social e de saúde dos escravizados no Brasil imperial.