Conceição Evaristo, clube do livro, formação leitora, identidade, literatura negra.
Em vista da capacidade catártica e verossímil da literatura, o projeto relaciona a escrevivência de Conceição Evaristo às percepções da literatura nacional negra entre estudantes. Em Evaristo, o retrato da realidade brasileira nos sensibiliza como só a literatura consegue, despertando as nuances de sua escrita e o que os estudantes compreendem por meio dela. Pela necessidade de aproximar a literatura negra dos jovens e de entender sua percepção leitora, a escolha do projeto tem como égide compreender as relações de sentido entre a palavra escrita e o mundo, assim como as associações estabelecidas entre a literatura e as vivência construídas. Por meio das metodologias quantitativa e qualitativa, realizamos a coleta e interpretação dos dados, e revisão bibliográfica dos conceitos de literatura, identidade e racialidade, amparadas em Bell Hooks. Em razão da pesquisa participante, aplicamos um formulário anônimo entre os estudantes da 3ª série da Escola SESI Anisio Teixeira, analisamos os contos "Olhos d’água" e "Maria", e mediamos um clube do livro para compreender as influências na formação leitora dos alunos. Como resultado dos métodos aplicados, o público se reconhece, em maioria, branco, e 52% dos 100 estudantes entrevistados leem com recorrência, e, desses, nem chega a 1/3 os que leem literatura nacional. Quando se pensa em literatura brasileira negra, o contato dos estudantes é de 10%, sendo que 2/3 nunca tinham lido Conceição Evaristo. No clube de leitura, as 4 turmas de 3º ano apresentaram percepções distintas, havendo turmas que mais exploraram as relações familiares no livro, e outras que analisaram o aspecto literário da construção da obra, por exemplo. Em suma, os objetivos foram alcançados, entendendo o leitor como parte fundamental para a pluralidade e prosa poética da obra, já que um mesmo livro lido por pessoas diferentes, ainda que inseridas num contexto social em comum como a escola, é quase outro.